terça-feira, 30 de dezembro de 2008

MÃOS

Um velho senhor, ali pelos 90 anos ou mais, estava sentado no banco da praça. Ele não se mexia, apenas sentado com a cabeça baixa fitando suas mãos.
Quando me sentei ao lado dele e ele não percebeu minha presença, me senti tentada a lhe perguntar se estava bem. Finalmente, mesmo não querendo perturbá-lo, mas querendo comprovar, perguntei-lhe se estava bem. Ele levantou a cabeça, me olhou, sorriu e respondeu: “Sim, estou bem, obrigado por se interessar”, disse com uma voz forte e clara.
“Eu não queria perturbá-lo, senhor, mas como o senhor estava muito quieto, fitando suas mãos, eu quis me assegurar de que estava bem”. Expliquei a ele. Então ele me perguntou: “Você já olhou as suas mãos? Quero dizer, realmente olhar as suas mãos.”
Eu lentamente abri as minhas mãos e dei uma olhada nelas. Virei-as, palmas para cima e palmas para baixo.
“Não, acho que eu nunca tinha realmente olhado as minhas mãos”, disse enquanto tentava entender onde ele queria chegar. Então ele sorriu e narrou: “Pare e pense por um momento sobre as mãos que você tem, como foram muito úteis por todos os seus anos.
Estas mãos, embora murchas, enrugadas e fracas foram ferramentas que usei por toda a minha vida para estender, agarrar e abraçar a vida.
Elas me escoravam e me apoiaram em minhas quedas quando era bebê. Colocavam alimento em minha boca e roupas em meu corpo.
Quando criança, minha mãe me ensinou a postá-las em oração. Amarraram meus sapatos e puxaram minhas meias. Secaram as lágrimas de minhas crianças e acariciaram o amor de minha vida. Limparam minhas lágrimas quando estava na guerra.
Estiveram sujas, arranhadas e feridas, inchadas e curvadas.
Estavam inquietas e desajeitadas, quando tentei segurar meu filho recém-nascido. Foram decoradas com minha aliança de casamento e mostraram ao mundo que eu era casado e amado por alguém especial.
Escreveram cartas e tremeram quando enterrei meus pais e esposa e também quando levei minha filha até o altar.
Elas seguraram crianças, consolaram vizinhos e agitaram os punhos em raiva quando eu não entendia.
Cobriram meu rosto, pentearam meu cabelo, e lavaram e limparam o resto de meu corpo. Estiveram grudentas e molhadas, curvadas e cerradas, ressecadas e feridas. E até hoje, quando não muito de mim funcionara bem, estas mãos me seguram, me erguem, e outra vez se opõem em oração. Estas mãos são marcas de onde estive e o que foi minha vida. Mas, o que é mais importante, estas mãos serão alcançadas por Deus quando Ele me dirigir rumo a eternidade.”

Sem nenhuma dúvida, eu nunca mais olharei minhas mãos da mesma forma. Eu nunca mais vi aquele senhor depois que eu o deixei naquela praça, mas nunca o esquecerei e nem as palavras que ele falou. Quando minhas mãos estão machucadas ou feridas ou quando afago o rosto de minhas crianças, eu penso no homem da praça.
Tenho um sentimento de que ele foi afagado e acariciado e seguro pelas mãos do Senhor. Eu, também, quero tocar o rosto de Jesus e sentir as Suas mãos sobre meu rosto.
Obrigada, Senhor, pelas minhas mãos.


“Porque fostes comprado por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.” –
1 Co 6: 20


Fonte: Jornal Sal da Terra – Por Melinda Clements

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